As
infecções odontogênicas são sem dúvidas um dos problemas mais difíceis
de serem tratados em odontologia. São originadas da polpa e do
periodonto e podem se disseminar além dos dentes para os processos
alveolares e para tecidos profundos da face, da cavidade oral, da cabeça
e do pescoço.
Podem ser de:
Baixo grau – necessita de tratamento mínimo.
Alto grau – Pode comprometer a vida do paciente e requer tratamento mais agressivo.
Obs.:
EMBORA A GRANDE MAIORIA DAS INFECÇÕES SEJA FACILEMENTE TRATADA COM
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS MENORES E ANTIBIÓTICOTERAPIA, DEVE-SE TER EM
MENTE QUE ESTAS PODEM TER SEU CURSO AGRAVADO EM CURTO PERÍODO DE TEMPO E
POR EM RISCO A VIDA DO PACIENTE.
Microbiologia das infecções odontogênicas
As
bactérias que causam estas infecções são bactérias que habitam a
cavidade bucal, tendo natureza polimicrobiana, ou seja, causa por várias
espécies bacterianas e mistas causadas por aeróbios e anaeróbios
Essas bactérias são principalmente:
Cocos anaeróbios gram + Cocos anaeróbios gram + Bacilos gram -
Fisiopatologia
Inoculação de bactérias e produção de hialuronidase que facilita a penetração destas nos tecidos mais profundos
+
Celulite
+
Diminuição de oxigênio favorecendo o ambiente para os anaeróbios e diminuindo o PH tecidual
+
Necrose
de liquefação por conta da síntese de colágenase e formação de
microabcessos que podem se tornar abcessos clinicamente reconhecíveis
Clinicamente
essa progressão de aeróbios para facultativos e finalmente para
anaeróbios são relacionados com o tipo de tumefação, portanto as
infecções são divididas em quatro estágios:
Inoculação: Início da colonização pelos streptococus;
Celulite: 3 a 5 dias após – Rápida evolução, avermelhada, endurecida, dor exacerbada e limitação funcional;
Abcesso: Após 7 dias começa o predomínio anaeróbio, pode ser drenado es pode
ser drenado espontaneamente ou cirurgicamente – Flutuante, formação de
pus, limites bem definidos, dor menos exacerbada e limitação da função;
Reparo e cura: Sistema imune começa a destruição de bactérias infectantes.
História Natural da Progressão das Infecções Odontogênicas
Quando
se estabelece um processo infeccioso, esta se dissemina em todas as
direções de maneira igualitária, mas, de preferência para as regiões de
menor resistência. A infecção se propaga dentro o osso esponjoso até
encontrar a cortical, que se for fina será perfurada e a infecção
penetrará nos tecidos moles vizinhos. A resolução da infecção será
mediante ao tratamento endodôntico ou a exodontia.
Obs.:
A ANTIBIÓTICOTERAPIA APENAS EVITARÁ A PROGRESSÃO DA LESÃO, QUANDO ESTA
FOR TERMINADA PODERÁ OCORRER A RECIDIVA DA INFECÇÃO. O PRINCIPAL
TRATAMENTO É A REMOÇÃO DA CAUSA (EXODONTIA OU A ENDODONTIA).
A
localização da infecção será determinada pela a espessura óssea que é
superposta ao ápice dentário e da relação da perfuração óssea com as
inserções musculares na maxila e mandíbula.
O
esquema mostra a propagação da infecção de um abcesso dento-alveolar
agudo, dependendo da posição do ápice dentário responsável pela
infecção. a - raiz vestibular: sentido vestibular. b- raiz palatina:
sentido palatino.
Dependendo
do comprimento da raiz e da altura de inserção do músculo bucinador a
propagação pode ir para o espaço bucal ou vestibular. A - Um dente com
ápice acima da inserção deste músculo causa acumulação do pus no espaço
bucal. B – Um dente com o ápice dentário abaixo da inserção do músculo
bucinador causa uma acumulação de pus no espaço vestibular.
A
– Mostrando um esquema onde o ápice dentário do dente infectado
localiza-se acima da inserção do músculo milo-hióideo e teve sua
drenagem para o espaço lingual. B – Foto clínica de um abcesso
localizado por lingual. Se o ápice dentário deste estivesse abaixo da
inserção deste músculo a drenagem muito provavelmente seria para o
espaço submandibular, como será mostrado no próximo esquema.
A- Caso
ocorra propagação abaixo da inserção do músculo bucinador na mandíbula a
via de drenagem será subcutânea extra-oral. B- Imagem clínica.
Se
houver o fechamento do ponto de drenagem a infecção irá recidivar.
Algumas vezes os abcessos estabelecem uma via de drenagem chamada de
fístula que para cavidade oral ou para pele. Enquanto estiver drenado o
paciente não irá sentir dor.
Tratamento
1º - Avaliar a gravidade da infecção
História completa:
- Duração
- Evolução
-
Sinais e sintomas: Dor, tumefação, rubor, calor e perda de função.
Houve mal estar? A presença deste sinal é indicativo de infecção de
moderada a grave.
- Houve tratamento anterior? Qual?
Exame físico:
- Sinais Vitais:
Temperatura: 36,5º-37,5ºC – Pacientes que apresentarem temperatura acima de 38,3ºc apresentam infecção grave
Pulso:
60-80 bpm – O pulso do paciente aumentará juntamente com a temperatura,
se a frequência for maior que 100bpm o paciente tem infecção grave e
deverá ser tratado mais agressivamente.
PA:
140/90 mmHg – Este que o sinal que menos se altera na presença de
infecção, porém em casos de dor severa e o paciente estiver agitado este
pode ser aumentado e em casos de infecção grave hipotensão está
presente.
Taxa
Respiratória: 14-16 resp./min.- O grande risco de uma infecção
ondontogênica é a obstrução das vias aéreas superiores. Pacientes com
infecção apresentam-se com a respiração acelerada.
– Inspeção geral do paciente
“Fáceis Tóxicas” – Paciente fadigado, febril e indisposto.
- Exame extra-oral:
Inspeção e palpação
Procurar áreas de tumefção
Linfonodos palpáveis?
Avaliar a abertura bucal
- Exame intra-oral:
Procura pelo dente foco da infecção
Inpesção, palpação e percussão
- Exame Radiográfico:
Periapical e panorâmica
- Exames complementares:
Leucocitose e desvio à esquerda
2º - Avaliação do mecanismo de defesa do hospedeiro:
Procurar
por tudo que possa comprometer a defesa do hospedeiro sejam fatores
sistêmicos, doenças adquiridas ou congênitas, uso de drogas depressoras
do sistema imune...
3º - Tratamento cirúrgico:
O
princípio básico é a drenagem e remoção da causa. A incisão permite a
remoção do pus acumulado e das bactérias presentes, facilitando assim
que ocorra uma melhor vascularização por conta da diminuição da pressão
hidrostática e isso acelera também a chegada de defesas do hospedeiro.
Na celulite a incisão serve para impedir a disseminação da infecção.
A
anestesia deve ser regional em uma área afastada do nervo. Se for
aplicada a anestesia em área infecta a agulha anestésica deve ser
descartada. Depois de anestesiada fazer antissepsia com iodo.
Incisão
em pele deve ser em área de tecido vital e na mucosa oral diretamente
sobre o ponto de maior flutuação. Depois de feita a incisão deve-se
realizar a divulsão para alcançar todas as loja de pus e facilitar a
denagem, logo em seguida deve-se por um dreno para manter a via de
drenagem (2-5 dias).
4º - Suporte sistêmico:
Hidratação
+ alimentação com alto teor calórico + analgésico e antibióticos +
compressas ou bochechos mornos + auto avaliação do paciente.
5º - Escolher e prescrever os antibióticos apropriados:
Indicação de antibiótico:
Tumefação estendida além do processo alveolar
Celulite
Trismo
Linfoadenopatia
Temperatura elevada
Pericoronarite e osteomielite
Escolha: 1º Penicilina(clindamicina em alérgicos a penicilina)
2º Penicilina + ácido clavulânico
3º Penicilina + metronidazol
IMPORTANTE
UTILIZAR DE MANEIRA CORRETA, NA DOSE ADEQUADA, INTERVALOS ADEQUADOS E
NO PERÍODO ADEQUADO. OS PACIENTES ACOMETIDOS COM ESSE TIPO DE IJÚRIA
DEVEM TER RETORNO FREQUENTE PARA AVALIAÇÃO DA REGRESSÃO DA INFECÇÃO.
LEMBRAR QUE O TRATAMENTO DE INFECÇÃO ODONTOGÊNICA MAIS EFICAZ É A
REMOÇÃO DA CAUSA.
Referências:
Hupp J.R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Conteporânea. 5º ed. Rio de janerio. Elsevier, 2009.
Fraknos D.F. Oral Surgery. Springer-Verlag Berlin Heidelberg 2007
Referências:
Hupp J.R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Conteporânea. 5º ed. Rio de janerio. Elsevier, 2009.
Fraknos D.F. Oral Surgery. Springer-Verlag Berlin Heidelberg 2007
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